sexta-feira, 13 de maio de 2016

As grávidas precisam de chás, carinhos, colos e paparicos


Durante a gestação me sentia muito instável. Mais que sempre. Cheguei comentar que maternidade e estabilidade emocional são coisas que não andam juntas. Talvez pela circunstâncias em que a maternidade se apresentou para mim, mas também pelas transformações que ela nos provoca. Pelo borbulhar de sentimentos. Pelo borbulhar de vida, de hormônios.


Três dias depois de uma escrita que exalava amor. Outra. Que transpirava medo e insegurança.
Segue o texto de 27.04.2014.


"Tem dias que a gente é menos forte, que os medos vêm à tona. Ontem foi assim. Pode até ter outra pessoa ao lado. Continuamos nos sentindo sós.


Eu me senti tão assim. Tão sozinha. Mesmo com menino na minha barriga. Mesmo com o outro menino ao meu lado.

As lágrimas. Tentei segurar. Não sei pedir colo. Elas, as lágrimas, vieram mesmo assim. escondida, chorei. Chorei porque em breve tem outra vida aqui fora e eu tenho que cuidar dela. Chorei porque a glicose subiu. Substitui o cigarro pelo doce. teria o cigarro feito menos mal? 

Chorei porque me senti feia. Porque me senti uma bola peluda. Chorei de saudade das noites nas ruas. das faltas de horário e organização. chorei porque a gente chora muito mais quando está grávida.

Sequei as lágrimas e levantei. mas não consegui segurar. Precisei pedir colo. Pedir colo também dói. Pedi colo, mas não consegui dividir o que fazia as lágrimas caírem.

Ganhei chá. Ganhei carinho.

Acho que as grávidas precisam de chás e de carinhos. Precisam de colo e paparicos.

A gestação tem seus medos. suas lágrimas.

O tempo de espera é também tempo de transformação."

O tempo tem me ensinado que a triste vêm, às vezes. Que é preciso deixar chorar. Que é importante nomear as coisas que sentimos e que é fundamental compartilhá~las. 
A maternidade me escolheu, e eu me deixe envolver. E todo relato de amor é aprendizagem. E todo relato de dor é aprendizagem.

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