terça-feira, 17 de maio de 2016

Parto-me (1)

Logo após a bolsa romper
Eu queria parir. O corpo sabe parir.

As combinações aconteciam para  o parto domiciliar. Eu queria parir. Me emocionava os relatos de parto. Eu queria parir, queria viver tamanha emoção.

As semanas avançavam e o peso aumentava. Precisa cuidar a glicose. Pode acontecer que tenha diabete gestacional. E ai o plano de parto domiciliar se esvai. Que merda! Tivesse eu continuado a fumar e a comer menos doces teria feito menos mal? Que merda!

As semanas passavam... Eu continuava trabalhando manhã e tarde e assim segui até a semana anterior ao nascimento do Nosso Menino. Hoje certamente trabalharia menos, estudaria menos e amaria mais, me amaria mais. O saber é importante, mas  sentir é muito mais.

As semanas seguiam. A doula que me acompanhava tinha proposta de viagem. O que vocês acham, posso ir? Pode ir, se é para o Menino nascer perto de ti, vai te esperar voltar. Fizemos contato com outra doula, se o trabalho de parto iniciasse, ela nos acompanharia.

A gestação se aproximava do fim. Foi pouco tempo nesse movimento preparatório para parir em casa. Não tínhamos conversado junto, todas as pessoas que estariam presentes nesse momento. Eu me sentia um pouco desconfortável, não sabia bem com o que. Penso que tivesse um pouco a ver com o papel central que eu ocupava. Eu não era apoio, não era coadjuvante, eu era a mulher com o filho para nascer. Aquele movimento todo era para me dar suporte no nascimento do Nosso Menino.

Nosso Menino porque ele tinha possibilidades de nome. Mas nome certo, só depois que a gente visse que cara tinha. Chinelinho foi o primeiro apelido, e permanece, ainda há pessoas que o chamam assim. De alguma língua africada: Deus está pensando. Batizado por Mateus e Maria Carolina.

Eu sentia como se tivesse atrapalhando a vida das pessoas. Com se não fosse merecedora do movimento delas. Mas ignorei esse sentimento e segui em frente, com o propósito de um parto humanizado. Ignorando a voz do coração de que algo estava desconfortável.

Eu queria parir. O susto de uma pressão mal verificada, 16 por algum número que não lembro agora, me levou ao hospital. Pressão alta? Socorro! Ao ser atendida tudo já corria bem. Talvez o sentimento de estar perto do fim. A doula que se ausentava do estado. O exame de 24 horas coletando xixi. Logo veio um tanto do tampão, com bastante de sangue. Me assustei, poderia ser sintoma da pressão alta. Voltei ao hospital. Mais exame de toque. Depois fui saber o quanto abusivo são esses exames, feitos assim livremente.

Creio que isso tudo tenha acelerados as coisas.

Na quinta-feira, 22/05, passei o dia com cólicas. Muitas cólicas. Por volta das 16h30 levanto para  ir ao banheiro. Tinha passado a semana em casa, de repouso. Quando chego no banheiro começa a escorrer xixi perna abaixo. Ops... Isso não é xixi!


A bolsa! A bolsa rompeu!

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