Foto de Bg MundoReal - julho 2013 |
Há quem
diga que as manifestações de julho de 20013 não deram em nada, mas Estevan está
ai, quase completando dois anos para provar o contrário.
Mas
antes de começar essa história, a história de hoje. A ideia do texto nasceu
ontem, enquanto eu escrevia. É parte. Faz parte. Mas o dia, de hoje, passou e
eu não consegui sair da cena inicial. A história não desenrolou. Resolvi passar
na loja de produtos naturais e comprar ingredientes para fazer um bolo. Peguei
Estevan, que com o mesmo sorriso que me deu tchau, estava me esperando.
Passamos na padaria. E padaria não é só suco de laranja. É festa também. Saiu
de lá tão empolgado que se perdeu na calçada e encontrou, com a testa, um canto
de parede. Gelo. Pomada. Voltamos para casa. Cadê a chave? Perdi a chave. Fui no banco colocar créditos para ligar
para o meu irmão, tirar saber onde andava, que horas chegava. Serviço
indisponível. Pensei em sentar no chão e chorar um pouquinho. Justo hoje que
estou de sacolas... tombo, colo, chaves? Vamos revisar as sacolas. Encontrei.
Na sacola dos ingredientes do bolo. Chegando em casa.
Colo, teta, sono. Nããooo, não pode dormir. E só agora, 00h30, eu sento aqui pra
realizar meu propósito.
Então,
voltamos as manifestações de julho de 2013. Foi lá que conheci o pai do
Estevan.
Numa
caminhada. Não lembro muito. Lembro que vi. O guri, que veio de Ijuí. Caminha
aqui. Reúne lá. Caminha acolá. Passam os dias. Ocupa aqui. Ocupa lá. "NaRua São Leo" ocupa a praça em frente a câmara de vereadores. Eu não estava
mergulhada na coisa, além do trabalho, tinha uma gestante em casa, mas passava
pelo acampamento. Eram os primeiros dias, sai do trabalho e fui para a
ocupação. O tempo se preparava para chover. Um bando de acampados de
apartamento, vão amarrar lonas de que jeito? Pensava eu. O pai do Estevan não
era acampado de apartamento. Sabia amarrar lonas. E eu metida, que nem era
acampada, fui ajudar. Porque, eu até moro em apartamento, mas sei acampar na
beira do rio. E era também uma forma de contribuir com o movimento.
E foi
ali, amarrando lonas que me interessei pelo moço.
Com o
passar dos dias, cansativos e tensos dias, fui passando mais tempo pela
ocupação. Finais de semana ou madrugadas de vigília
Eu
estava passando por uma fase circense. Cambalhotas, bambolês e malabares. Essa
praça precisa de arte! Andava com as bolas de malabares nos bolsos, brincando
em cima do meio fio. Pai do Estevan brincou junto algumas vezes.
Não vou
entrar nas questões políticas, que era o que nos reunia ali. Me detenho nas
entre linhas.
Foram
dias de uma aproximação que não aproximava nunca. (já falei em outro texto que
sou tímida, que dizer, que carrego traços de uma cultura machista, onde
mulheres não tomam iniciativa).
Era
julho. Tinha uns dias de férias. Ia para Santa Maria. Na noite antes da
partida, um e outro beijo. Eu não quis dormir lá. Eu e meu moralismo barato,
que graças as minhas transformações vem se desmanchando.
Na
volta, ocupação desocupada. Meu rolo desenrolado. Depois descobri. Outro rolo
na jogada. Sem problemas. Não estou aqui para disputar ninguém. Nunca estive,
nem estarei. Aproximações acontecem e desacontecem. São como flores e pássaros.
Sem cercas, nem gaiolas.
Venham
aqui os dois. Vocês deviam namorar.
Disse a Ediana. Sentados os três num lugar privado, no meio de uma
"confraternização".
No fim
de uma outra "confraternização", no meio da madrugada, nas ruas
cheias de neblina de São Leopoldo, combinamos. Eu, a ex-fugitiva dos namoros,
devo ter sido a proponente. Vamos nos pegar até enjoar.
E
logo já era 06 de setembro de 2013. Ele veio dormir
aqui em casa. Chegou de mochila, no fim da tarde. Eu mateava na calçada.
Por volta das 6h do
dia 07 de setembro, dia de Grito dos excluídos, a Deusa da fertilidade deu um
tapinha nas costas do Estevan e disse: Desce e arrasa!
Buummm!
Tu toma pílula?
Não. Mas não é nada
que uma pílula do dia seguinte não resolva. O corpo, desconhece essas bombas
hormonais, certamente ia aceitar o efeito.
Depois disso foram
três meses fugindo. Fugindo do pai. Fugindo do filho. Fugindo de mim. Fugindo da vida.
"Ocupa e resiste!"
Amei vanis.... Que beleza poetica e viva! Diz da coisa com graca e leveza.... Escrita diz de como a gente eh. Te amamos....
ResponderExcluirMana... Que bom te ter por aqui, acompanhando.
ExcluirTambém amamos e temos saudades!
Amei vanis.... Que beleza poetica e viva! Diz da coisa com graca e leveza.... Escrita diz de como a gente eh. Te amamos....
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOia! Vim aqui só para curiar. E que texto bom! Que texto gostoso!
ResponderExcluirMariana! Obrigada pela visita! ❤
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